Arranca em Évora a primeira central fotovoltaica sem ajudas públicas que vai abastecer 10.000 lares



Começou a ser construída em Évora a primeira central fotovoltaica de toda a Península Ibérica que não receberá qualquer tipo de subsídios públicos. O projeto surge no seguimento de um contrato pioneiro de compra de energia (PPA – Power Purchase Agreement) a 10 anos, celebrado com o grupo energético suíço Axpo, que possibilita a comercialização de energia e respalda o financiamento privado do projeto. Com um financiamento a rondar os 20 milhões de euros, a central é desenvolvido e promovido pelo grupo Hyperion Renewables, que se mantém como acionista minoritário, em sociedade com o atual o acionista maioritário: o fundo de investimento Mirova, especializado em projetos de energias renováveis. O modelo de financiamento utilizado conta com a participação direta do BPI (Banco Português de Investimentos).



A cerimónia de início de construção, celebrada em Vale de Moura, contou com a presença do Diretor da Direção Geral de Energia e Geologia, o Eng.º Mário Guedes, que assinalou que "Portugal vive um momento único de transição energética" e que este projeto, "que não é subsidiado pelo consumidor", vai reforçar o peso da energia fotovoltaica no mix energético nacional e contribuir para que o nosso país cumpra os objetivos de neutralidade de carbono.

A Abertura da cerimónia foi feita pelo Presidente da Câmara Municipal de Évora, o Dr. Carlos Pinto de Sá que assinalou que "este é um projeto de grande interesse para Évora, que vai beneficiar a região" e que vai de encontro à diversificação da sua base económica, "na qual é fundamental contar com projetos de sustentabilidade na área das energias limpas".


A nova Central Fotovoltaica ocupa uma área de 55 hectares e terá uma capacidade total instalada de 28,8 MW de potência de pico, com uma produção anual de energia superior a 52 GWh/ano – o equivalente ao consumo médio anual de quase 10 000 habitações. As obras estarão concluídas antes do final do ano, estando a entrada em exploração prevista para o início de 2019. A componente de engenharia e projeto está a cargo da empresa nacional Jayme da Costa, grupo responsável pela instalação de várias centrais a nível global.

O Grupo suíço Axpo, presente em Portugal desde  2012, atuará como agente vendedor da central fotovoltaica no mercado ibérico de eletricidade, proporcionando até 2029 uma garantia de preço para permitir o seu financiamento.

Ignacio Soneira, Diretor Geral da Axpo na Península Ibérica, sublinha que "estamos muito otimistas com este projeto pioneiro e sabemos que estamos a abrir caminho para a realização de outros PPAs a longo prazo com outros produtores e com os consumidores, garantindo preços mais competitivos e contribuindo para o desenvolvimento das energias renováveis em Portugal".

A central de Vale de Moura permitirá evitar a emissão 110 756 toneladas de CO2 por ano, ajudando a cumprir as metas de descarbonização estabelecidas pela União Europeia, onde se pretende que Portugal aumente a quota de energia proveniente de fontes renováveis no consumo final para 31%, até 2020. Além disso, a construção desta central contribui para a independência energética portuguesa, garantindo a segurança de abastecimento e sustentabilidade económica e ambiental.

Pedro Bastos Rezende, Administrador da Hyperion Renewables, ressalta também que "este projeto marca um antes e depois na forma como os projetos fotovoltaicos, e outros, vão funcionar a partir de agora. Este é o primeiro projeto em Portugal e Espanha de grande dimensão que conseguiu fazer project finance sem subsídios públicos", mostrando que é possível e abrindo as portas para outros projetos semelhantes.

"É um projeto moderno, sustentável e global, com muitos benefícios para o meio ambiente e para a economia local e nacional", conclui Ignacio Soneira, reforçando o interesse da Axpo em realizar mais acordos de compra de energia a longo prazo no nosso país.

0 Comments: